6.06.2011

Capítulo I: O primeiro e último contato.


O ar estava movido de cinzas e fumaça. Destroços estavam por todo lugar, ele observava aquilo e não via mais a beleza no mundo. Todos correndo, tiros, bombas caindo a cada segundo, pedaços de telha, madeiras eram os fogos de artifícios daquele momento, voando para todos os lados. 
Ele estava sem caminho, olhou para frente, grupos de soldados fortemente armados, na sua retaguarda, aviões e tanques vindos em sua direção. Dos lados pessoas correndo sem direção, com medo da morte que já era como sua sombra, te seguindo a todo o momento. 
Ele se ajoelhou perante aquela paisagem de destruição, sobre aquele chão cheio de corpos, estava esperando sua hora chegar.
Olhou para os olhos mortos de uma pessoa caída no chão, e imaginou se ia doer se ia fazer falta menos uma pessoa no mundo, de como aquela pessoa sofreu ate chegar naquele momento.
Pensou na sua família, onde estariam agora? Mortos, perdidos? Ele não sabia. Agora estava de cabeça baixa chorando, esperando pelo ultimo suspiro. Ele estava na linha de fogo, entre uma guerra, de repente um tiro, tudo ficou escuro.
Ele se levantou com um tranco, arregalou os olhos. Era apenas mais um sonho, um pesadelo.
Sua respiração ofegante, ele estava suado, demorou em raciocinar que ele estava na sua cabana, ele olhou o relógio e conferiu as horas, 04h30min da madrugada, mas tinha uma coisa que era real ao que estava sonho. Seus pais estavam perdidos, o relógio foi uma das lembranças que seu pai deu antes de se perderem. Sua mãe tinha lhe dado uma foto, nela estava, seu pai, mãe e Saimer, estavam abraçados e sorrindo. 
Levantou-se, já perdera o sono, não iria conseguir dormi novamente. É assim todas as vezes que tem o pesadelo.
Saiu da cabana. O lugar onde estava locado o acampamento era em uma floresta faia, uma das poucas florestas que sobraram no mundo. Uns falam que estavam que estavam na Alemanha ou na França, pois a mata era característica dos países, mas isso não importava muito.
As árvores podem alcançar os 40 metros. A sua casca é lisa e cinzento-clara.  O clima era mais frio e mais úmido.
Saimer estava vestindo um coturno, calça jeans, uma camisa branca de manga comprida de algodão, e por cima um grande casaco de pele.
Contemplou a neblina pairando no ar, atravessando milhares de árvores e as barracas de acampamento que estavam espalhadas por toda parte.
O clima estava frio, suas mãos não estavam cobertas por nada, ela as esfregou para esquenta-las e deu uma baforada no ar, uma massa de ar saiu da sua boca. 
Saimer foi em direção a uma árvore onde ele havia colocado um espelho, conferiu sua aparência.
Seu cabelo loiro estava bagunçado, ele ajeita e por ser ‘’repicado’’ não mudou muita coisa, um pouco de franja que tinha, ficou caiu no na testa.
Seus olhos eram cor de mel, mas suas olheiras não deixam seu olho em destaque, estavam cada dia pior por causa das noites mal dormidas. 
Seu rosto estava com umas cicatrizes por conta do trabalho que ele tinha.
Ele e mais uma menina eram responsáveis por pegar madeiras para fazer o fogo das refeições e para esquentar todos no acampamento.
Conferindo seu visual voltou para dentro da cabana que mal cabia ele dentro, fuçou em sua bolsa e pegou um caderno. De capa dura, preto, grosso e meio desgastado já.
Pegou uma caneta e abriu na metade, pois já tinha escrito muito, acendeu o lampião, controlou o volume do fogo para não ficar muito alto e com muita iluminação, deixou razoavelmente o bastante para enxergar, sentou-se. E começou a escrever:
1° de Janeiro de 2500...
‘’Mais um pesadelo, foi como os outros de todas as noites. Tenho medo que isso seja alguma premonição ou algo do tipo.
Sinto falta dos meus pais, já faz cinco anos que não os vejo, ainda tenho esperanças de que estejam vivos.
Ainda me lembro de como começou tudo isso, tinha apenas sete anos, mas recordo de tudo.
Tudo isso começou muito antes de eu ter nascido, meu pai e minha mãe contava para mim quando estávamos escondidos nas montanhas, nem lá deu para se esconder. 
Lembro-me de ver clarões das bombas estourando nas montanhas, as avalanches, matando pessoas que estavam se escondendo.
Eles falavam que a busca pelo poder maior foi a causa de tudo. Todos os políticos não estavam satisfeitos com o que tinham, sempre querendo mais e mais. 
Não foi atoa que sempre falavam que os países tinham armas suficientes para destruir o mundo, foi o que aconteceu.
Dizem que existe um lugar. Um lugar em que existem sobreviventes e umas pessoas anormais. Não sei muito sobre isso, talvez os outros saibam ou não. Em quem vou acreditar?
Todos os dias estão sendo a mesma coisa. O pessoal aqui do acampamento estão com medo de sair por ai explorando o resto do mundo. 
A única pessoa que me faz levantar e lutar para sobreviver, bem... Primeiramente são meus pais e depois, ela. 
Ouviu um barulho lá fora. Vou ver o que é. ’’

Saimer se levantou e viu através do tecido da barraca uma sombra se aproximando, seu pensamento foi: ‘’droga, quem acordou bem na madrugada no frio desse e decidiu vir me atormentar’’.
Mas ele ouviu uma voz doce vindo de fora da barraca:
- Saimer, esta acordado? Posso entrar?
De dentro da barraca ele deu um suspiro e guardou rapidamente seu diário e respondeu logo em seguida:
- Claro, pode entrar.
Uma garota de cabelos ruivos como o tom de uma chama de fogo, olhos verdes como uma pedra de jade, com a pele branca e um perfume adocicado entrou na barraca meio agachada, pois a barraca não era grande assim. E antes que eu me esqueça, o nome dela é Kimberlly Clark.
- Feliz ano novo para você. Teve pesadelos outra vez? – saudou Kimberlly e perguntou se teve mais uma vez pesadelos, pois já sabia que todas as vezes que ela ia a sua barraca era porque tinha tido um pesadelo.
- Ah, feliz ano novo para você também. Tive, foi como todos os outros, difícil isso, às vezes tenho vontade de... – Kimberlly foi interrompida.
- Não começa com isso outra vez, assim como você, eu tenho pesadelos todas as noites quase, e nem por isso vou desistir de tudo e se matar. Eu tenho que estar firma sempre e continuar a ter esperanças. E pode se sentar, não paga nada.
- Desculpe, mas eu não tenho ninguém, exceto você. Claro que o pessoal aqui do acampamento esta passando pelo mesmo que nós, mas eles não têm a mesma idade que nós – tinha um tom de tristeza na voz de Kimberlly.
Ela e Saimer tinham quase a mesma idade, ele tinha quinze e ela quatorze.
Eles estavam sentados, Saimer ao perceber que ela estava quase chorando foi e abraçou carinhosamente, passou um braço por cima dos ombros dela e encostou sua cabeça com a dela. 
Assim como Saimer, Kimberlly se perdeu dos pais logo quando era criança no meio do caos todo.
Os dois vivem grudados, ambos amam um ao outro, mas ninguém cede e se abre e conta seus sentimentos.
- Você tem coragem de fugir? De deixar todos eles para traz e sair por ai procurando seus pais? – perguntou Kimberlly com os olhos fechados.
- Tenho, mas não é fácil quanto parece, estaríamos sem alimento, sem alguém mais velho, as coisas são complicadas demais. 
- Eu sei, mas se fossemos juntos seria melhor – continuando a insistir no assunto.
- Sim, talvez, mas mesmo assim seria complicado, você sabe. Mas quem sabe algum dia, pode ser amanhã, daqui uma semana, não se sabe o que pode acontecer.
- Tem razão, acho melhor eu ir tentar dormir, daqui apouco temos dever a fazer não é? – Saimer deu uma bufada significando: é infelizmente.
- Pois é, é melhor você ir, vou tentar o mesmo que você – Eles se ‘’levantaram’’ se despediram com um tchau e Kimberlly saiu da barraca deixando para traz o cheiro do seu perfume.
Talvez vocês estejam se perguntando, como eles fazem para tomar banho? 
Bem... Têm alguns engenheiros no acampamento, algumas ferramentas também.
Eles canalizaram a água de um rio que existe por perto, colocando um motor que faz a água ir para o cano e fazendo assim ela correr pelos canos ate chegar ao ponto onde tem chuveiro e aonde vai aquecê-la também. 
Eles construíram uma espécie de cabana em torno desse chuveiro, como se fosse uma casinha para não entrar friagem, animais indesejáveis e por ai vai.

Saimer deitou-se em seu colchonete, ele tinha também um saco de dormir, mas como estava cansado só deitou e se cobriu e logo dormiu.
No sonho ele estava no mesmo senário de sempre. Estava ajoelhado preste a tomar um tiro e esperar tudo ficar escuro de novo, quando tudo desapareceu, evaporou como agua.
Tudo ficou branco, Saimer estava ajoelhado em um chão branco, na verdade ele não sabia onde dava aquilo, parecia um corredor enorme.
De repente um senhor apareceu, com um terno preto, sapato social também preto. O que dava destaque nele era a barba branca e longa, cabelos grisalhos e longos também e olhos pretos. Seu rosto estava enrugado, mostrando a idade já estava acabando com ele, porem quando ele viu Saimer abriu um sorriso, seus dentes eram perfeitamente brancos e alinhados.
- Ate quem fim, ai estava você Saimer Bennet – disse o senhor com uma voz fraca, que quase Saimer não ouviu.
- Onde estou? Quem é você? Eu ainda estou sonhando? O que é tudo isso? – Saimer começou a fazer uma pergunta atrás da outra, o senhor apenas, olhou para ele com um sorriso e com seus olhos pretos,
- Desculpe invadir seu sonho assim jovem, me esqueci de me apresentar. Meu nome é John Dominic, sou um Dreamer – disse ele com uma simplicidade.
- Você é um... O que? Como sabe meu nome? E como assim invadiu meu sonho? – perguntando Saimer desesperado atrás de respostas e logo foi se colocando em pé. John deu uma risada e respondeu:
- Meu jovem, se aquiete, eu vou responder todas suas perguntas se me deixar! E parar de fazer tantas outras perguntas, você deixa? – perguntou John pacientemente.
- Deixou, começa.
- Vou resumir tudo o mais rápido, não tenho muito tempo. E espero que ninguém te acorde, se não será em vão tudo isso.
‘’Como eu ia dizendo, eu sou um Dreamer. Dreamer são pessoas que podem sonhar com o que quiser, basta ter uma mente aberta o bastante para ter criatividade. Depois que você acordar, poderá tornar tudo o que sonhou em realidade, basta você acreditar e querer tornar tudo aquilo em realidade. Mas como eu disse, se alguém te acordar tudo o que te falei ate agora será esquecido e você não lembrará que teve esse sonho.
Eu, assim como poucos Dreamers, consigo invadir sonhos de outras pessoas, manipula-los e outras coisas, como estou fazendo com o seu. Creio que você ficou feliz por isso, não tem tido bons sonhos ultimamente estou certo? 
Você certamente já ouviu falar que existe um lugar que a habitantes e que tem pessoas digamos... Não normais lá não é mesmo? Sim, esse lugar existe, e eu estou nele, em certas condições que você não gostaria de estar. Estou em um calabouço aprisionado. Essa é mais ou menos minha aparência que você esta vendo, acredite esta pior. 
Nesse lugar, existem mais como eu, mas outros mais fracos e trancafiados e não podendo usar seus... Poderes, diga assim de passagem. Quando duas pessoas dormem perto uma das outras, elas conseguem ligar um sonho no outro, tornando assim um sonho só, quebrando o efeito de uma droga que dão para essas pessoas. Não posso falar muito nisso, tenho outras coisas para falar e depois você mesmo pode descobrir mais sobre esse lugar. Posso te dar uma dica, esse tal lugar se chama Apsylon e fica no fim das terras da Rússia. 
Eu estive procurando você há tempos e depois de anos de busca aqui estou eu em frente ao Escolhido. ’’
Houve um silencio. Saimer ficou sem o que falar, não sabia se tudo aquilo era verdade, real ou irreal, mas finalmente ele conseguiu falar:
- Se tudo isso for verdade, eu estou controlando meu sonho? Porque nos meus sonhos normais ou não, não costumo falar muito e nem fazer perguntas elaboradas assim. E como assim eu sou um Escolhido? 
- Bem, eu queria chegar nesse ponto. Saimer Bennet você é um Dreamer, e é mais poderoso do que eu, do que todos. Todos em Apsylon acreditam que uma pessoa como você libertará todos, mudar o mundo.
- Eu? Mas eu só sou mais uma pessoa que sobreviveu a esse caos todo – Respondeu Saimer pasmo.
- Sim, você. Talvez você não acredite agora, mas mais cedo ou mais tarde vai acreditar. O mundo precisa de você.
- Tudo bem, isso aqui não é real, isso é um sonho qualquer, não pode ser verdade.
- Claro que não é real, é um sonho, e não é qualquer sonho. Eu não tenho muito tempo de vida Saimer, não mesmo. Eu queria te ensinar como se libertar, se expandir, mas estou morrendo, estou no meu limite, esgotando toda minha energia vital nesse contato, esse vai ser o primeiro e único, não haverá outro. Assim que você acordar não me vera mais, lamento. 
- Me fale uma dica apenas – disse Saimer com esperanças de que tudo aquilo fosse se tornar real quando acordasse. John lançou lhe um sorriso e se aproximou do garoto. Toda a conversa eles estavam distante um do outro. Ele apenas falou:
- Acredite em si mesmo, a chave esta em você, na sua mente. Adeus – Essas foram suas ultimas palavras, ele sumiu feito fumaça.
E tudo voltou como estava. Saimer estava em um pesadelo, preste a tomar um tiro, com a cabeça baixa de olhos fechados. 
Em sua mente ele gritava: EU SOU VOU SONHAR COM ISSO DENOVO, CHEGA DISSO, BASTA!!!!!!!!!!!!!! 
Houve um disparo, Saimer em sua mente continuou gritando, mas falando apenas uma palavra: NÃO!!!!!!!!!!!!!!!
Desta vez ele não acordou, ainda estava sonhando. Tudo em sua volta estava lento, em câmera lenta. Quando abriu os olhos, viu a bala paralisada a menos de cinco centímetros de sua cabeça.
E com um tranco ele acordou.

Um comentário:

  1. Legal... Seguindo!
    Proveita me segue e olha uma minha hehe
    http://lendaluanegra.blogspot.com/2010/05/capa.html

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